Universitária otária.

Notícia comentada sobre condenação de uma universitária por falsidade ideológica

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No exato momento em que assistimos, perplexos mas felizes, uma das maiores operações de combate à corrupção da história do país, tornam-se cada vez mais corriqueiros os chamados ‘pequenos delitos’.

Uma ex-aluna da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi condenada pela Justiça por falsidade ideológica, depois de colocar outra pessoa para fazer uma prova do curso de Gestão de Informação em seu lugar, em 2012. Ela terá que cumprir um ano de reclusão e pagar multa de R$ 1 mil.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a estudante não fez a prova da disciplina no dia marcado e requereu o exame substitutivo, que foi aplicado por outra pessoa, também professora e esposa do professor da disciplina. Ela notou que a jovem não tinha as mesmas características apontadas pelo marido e pediu que a estudante apresentasse a identidade ao entregar o exame.

De acordo com o MPF, a professora notou que o documento era de uma criança e que não tinha as mesmas características da pessoa que fazia o teste. O professor, após comparar a grafia da aluna com a da pessoa que fez a prova, comprovou que era diferente. Além disso, o casal também comparou foto da universitária na internet, e a esposa comprovou que não era a mesma pessoa, o que os levou à conclusão de que a prova foi feita por outra pessoa.

A UFU instaurou um procedimento administrativo para investigar a situação, comprovando a falsidade ideológica. A punição foi três meses de suspensão das aulas. Em paralelo, o MPF solicitou a Polícia Federal (PF) uma perícia grafotécnica nas provas fornecidas pela UFU. A análise mostrou que as grafias eram diferentes. A estudante, no julgamento, negou o crime, mas seus argumentos não convenceram o juiz.


“Era uma vez uma universitária otária que não sabia se fazia oceanografia ou veterinária...”

O trecho acima é da letra de uma das músicas da banda Blitz, muito popular nos anos 80. Mas, certamente, o adjetivo que qualifica a universitária da música aplica-se perfeitamente à protagonista deste caso tão comum.

Infelizmente!

No exato momento em que assistimos, perplexos mas felizes, uma das maiores operações de combate à corrupção da história do país, tornam-se cada vez mais corriqueiros os chamados ‘pequenos delitos’.

Esses crimes, aparentemente ingênuos e despretensiosos, escondem toda uma cultura de valores destorcidos e imorais. Driblar o sistema para conseguir obter alguma vantagem. E justamente em um lugar privilegiado, como a universidade, uma espécie de pódio social onde somente uma minoria privilegiada chegará.

Consigo realmente imaginar estas mesmas pessoas, que se entendem acima das regras, nas ruas, “lutando” contra a corrupção.

“Vem pra rua!”, gritam em coro, enquanto escondem suas imperfeições morais de si mesmos e da sociedade. Aos olhos de todos, são normais, mas escondem dentro de si os mesmos ingredientes daqueles que condenam.

Dos que praticam os mais elevados atos de agressão contra a população de um país pobre, tirando a comida e a chance de quem poderia ter um futuro melhor.

Será que o caso acima é uma rara exceção? Ou será que acontece com mais frequência do que pensamos, até que essas pessoas consigam, passando despercebidas, chegar a cargos de poder e praticar os crimes de verdade?

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Sobre os autores
André Mansur Brandão

Advogado da André Mansur Advogados Associados (Minas Gerais). Administrador de Empresas. Escritor.Saiba mais sobre nossa empresa em: http://andremansur.com/portfolio/

Anéria Campos Lima

Formada em Letras pela UFMG em 1989 e pós-graduada em Metodologias de Ensino em Língua Inglesa. É professora de português e inglês, redatora, revisora, tradutora e escritora. Atualmente, faz parte da equipe de Redação da André Mansur Advogados Associados.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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