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Os mestres da suspeita

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16/06/2020 às 15:10
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REFERÊNCIAS:

DOS SANTOS, Nadson Vinícius. A violência segundo os Mestres da Suspeita. Revista Litterata, Ilhéus. volume 6/2 Jul.dez, 2016. ISSN 2237-0781.

Von Zuben. Marcos de Camargo. Ricoeur, Foucault e os mestres da suspeita: em torno da hermenêutica e do sujeito. Revista Trilhas Filosóficas v.1.n.1. 2008. ISSN 1984-5561.

Foucault, Michel (2000). Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. (Ditos e Escritos II). Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Ricoeur, Paul (1960). Finitude et culpabilité. Paris: Aubier. Editions Montaigne.

_____________. (1977). Da Interpretação: ensaio sobre Freud. Rio de Janeiro :Imago Editora.

______________. (1979). Existência e hermenêutica, in O conflito das interpretações: ensaios de hermenêutica. Rio de Janeiro : Imago Editora.

VOLPI, Franco. Niilismo. Tradução de Aldo Vannucchi. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de Filosofia. Consultoria da edição brasileira, Danilo Marcondes. Tradução, Desidério Murcho... et Al. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.

LEFRANC, Jean. Compreender Nietzsche. Tradução Lúcia M. Endlich Orth. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

WILSON, Emily. A morte de Sócrates. São Paulo: Record, 2013.

GIACÓIA JÚNIOR, Osvaldo. Além do princípio de prazer: um dualismo incontornável.  Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

 _______________________. Nietzsche. São Paulo: Publifolha, 2000.

 _______________________. Nietsche & Para além de bem e mal. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.


NOTAS

[1] Paul Ricoer (1913-2005) foi um dos grandes filósofos franceses do pós-segunda guerra mundial. O sentido de todo trabalho filosófico deve ser visto em uma teoria da pessoa humana, traçando o conceito, o de pessoa, reconquistado após uma peregrinação fatigante na floresta das produções simbólicas do homem, depois das devastações produzidas na ideia de consciência pelos mestres da escola da suspeita. O pensamento desenvolvido por Ricoeur revela as influências da fenomenologia de Husserl, do pensamento de Gabriel Marcel e da corrente personalista francesa, dirigida por Emmanuel Mounier. A sua vasta e complexa obra reflete uma tentativa de conciliar, criativamente, algumas das correntes mais significativas da filosofia contemporânea: a fenomenologia, a hermenêutica, o existencialismo e a psicanálise. Renovou a hermenêutica, associando-a à fenomenologia. Segundo o filósofo, esta não corresponde somente a um trabalho de captação do sentido dos textos e dos símbolos, mas também a um esforço efetivo de compreensão de nós próprios e do mundo.

[2] A noção de ideologia como falsa consciência, trazida por Marx, desestabilizou a metafísica ocidental; assim, os valores sociais perdiam seu valor de verdade, passando a existir apenas enquanto ideologia, isto é, uma consciência formada.

Posteriormente, Nietzsche acirra o debate ao apresentar a ideia de vontade de potência, vinculando a racionalidade a impulsos instintivos, isto é, a razão servindo aos instintos. Os valores e as práticas sociais ancoram-se na vontade de um grupo social, não em noções objetivas, e a violência configura- se como meio necessário para transformar um valor individual em coletivo.

[3] Na análise que realiza ao conceito de justiça, considera que, sendo as instituições políticas "frágeis" e o ser humano limitado, o poder político deve ser vigiado por aqueles que representam o produto puro dessa mesma política, ou seja, os cidadãos. É essencialmente nas obras Soi-même comme un autre, publicada em 1990, e “O Justo ou a Essência da Justiça” que Ricoeur desenvolve o essencial da sua perspectiva ética e política.

[4] A partir da leitura do "Crepúsculo dos ídolos", pode-se perceber como Nietzsche evidencia esse processo de dissolução dos valores fundamentais da cultura ocidental já com sua formatação filosófica e, em certo sentido, já com suas raízes na antiguidade grega, uma vez que Sócrates e Platão, no texto, prefiguram a raiz da tendência moralizante e da visão dualista  do mundo, que reconhece numa realidade além do mundo, ou seja, numa realidade transmundana, as verdadeiras realidades e as verdades que passam a sustentar a cultura.

Para Nietzsche, as consequências disso para a história ocidental se revelam imensas e inegáveis, pois o ser humano passa a orientar as verdades de sua vida a partir de princípios que estão além de si mesmo, que o levam a negar a si mesmo como possibilidade da própria verdade. E trouxe também uma nova proposta de “reorientação” da vida do ser humano parece ser, segundo ele, radicalizada pela tradição judaico-cristã o que, a princípio, levaria este estudo a supor que a crítica nietzscheana ao  niilismo partiria de um ponto de vista necessariamente religioso, visão muito difundida ainda hoje e que parece revelar-se  como fonte de muitas incompreensões e interpretações errôneas do pensamento filosófico de Nietzsche.

[5] A teoria do inconsciente que Sigmund Freud formulou representou um marco na história da psicologia. Esse submundo estranho e fascinante gerador de fantasias, lapsos e impulsos não controláveis nos permitiu, por fim, ver grande parte dos transtornos mentais não como doenças somáticas, não como doenças do cérebro, mas como alterações pontuais na nossa mente.

[6] As teorias de Marx se baseiam na ideia de que a base material caracteriza a vida em sociedade: “A existência determina a consciência”. A forma como vivemos e trabalhamos influencia em como nos sentimos e pensamos. Além disso, Marx acreditava que a história está sujeita a leis semelhantes às da natureza. Portanto, ele chegou à conclusão de que, tão certo como uma pedra cai no chão, a sociedade capitalista burguesa iria cair em suas contradições internas. A produção de ideias, de representações e da consciência está em primeiro lugar direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens; é a linguagem da vida real.

As representações, o pensamento, o comércio intelectual dos homens surge aqui como emanação direta do seu comportamento material. O mesmo acontece com a produção intelectual quando esta se apresenta na linguagem das leis, política, moral, religião, metafísica, etc., de um povo. São os homens que produzem as suas representações, as suas ideias, etc., mas os homens reais, atuantes e tais como foram condicionados por um determinado desenvolvimento das suas forças produtivas e do modo de relações que lhe corresponde, incluindo até as formas mais amplas que estas possam tomar.

A consciência nunca pode ser mais do que  o ser consciente e o ser dos homens é o seu processo da vida real. E se em toda a ideologia os homens e as suas relações nos surgem  invertidos, tal como acontece numa câmera obscura, isto é apenas o resultado do seu processo de vida histórico, do mesmo modo que a imagem invertida dos objetos que se forma na retina é uma consequência do seu processo de vida diretamente físico.

[7] Wilhelm Christian Ludwig Dilthey (1833-1911) foi filósofo hermenêutico, psicólogo, historiador, sociólogo e pedagogo alemão. Lecionou filosofia na Universidade de Berlim e era considerado um empirista o que contrastava com o idealismo dominante na Alemanha de sua época, mas sua concepção de empirismo e de experiência difere da concepção britânica de empirismo.

Seus principais conceitos procuraram fundamentar as ciências do espírito, ou seja, as ciências humanas, como forma de conhecimento em oposição às ciências da natureza. Dialogou profundamente com os pensamentos de Kant, Locke, Comte, Mill, Berkeley, Rudolf Herman Lotze, entre outros. As ciências do espírito teriam como objeto o homem e o comportamento humano; para Dilthey é possível, diante do mundo humano, adotar uma atitude de "compreensão pelo interior", ao passo que, diante do mundo da natureza, essa via de compreensão estaria completamente fechada. Os meios necessários à compreensão do mundo histórico-social podem ser, dessa maneira, tirados da própria experiência psicológica, e a psicologia, deste ponto de vista, é a primeira e mais elementar das ciências do espírito. A experiência imediata e vivida na qualidade de realidade unitária (Erlebnis -Vivência; Experiência) seria o meio a permitir a apreensão da realidade histórica e humana sob suas formas concreta e viva.

[8] Michel Foucault foi filósofo, historiador das ideias, teórico social, filólogo, crítico literário e professor da cátedra História dos Sistemas do pensamento, no célebre Collège de France, de 1970 a 1984. Suas teorias abordam a relação entre poder e conhecimento e como eles são usados ​​como uma forma de controle social por meio de instituições sociais.  Embora muitas vezes seja citado como um pós-estruturalista e pós-modernista, Foucault acabou rejeitando esses rótulos, preferindo classificar seu pensamento como uma história crítica da modernidade. Seu pensamento foi muito influente tanto para grupos acadêmicos, quanto para ativistas.

[9] A obra “Genealogia da Moral” representa uma crítica feita a toda a tradição filosófica, à metafísica e ao cristianismo.  Estes teriam forjado um conceito de moral que atendesse aos interesses e desejos das maiorias. E em segundo lugar, que a moral, para Nietzsche, não advém de leis ou instituições. Mas de um questionar o conceito de moral que fora recebido até então pela tradição filosófica, pala metafísica e pelo cristianismo, fazer uma releitura no que fora passado de geração para geração como indubitável, isso engendraria uma moral que proporcionará ao ser humano viver de forma mais autêntica, intensa, espontânea.

[10] A crueldade é revelada, pela primeira vez, como um dos mais antigos e mais indispensáveis elementos na fundação da cultura. Entende-se que, por exemplo, a “moral de rebanho” da cultura judaico-cristã, que determinam valores como compaixão e submissão aos fortes como forma de dominá-los. Não se trata de uma análise histórica, o método nietzschiano procura mostrar, através da análise crítica, conjunturas e elementos periféricos da tradição e seu encadeamento de formação.

[11] A filosofia medieval foi desenvolvida na Europa durante o período da Idade Média (séculos V-XV). Trata-se de um período de expansão e consolidação do Cristianismo na Europa Ocidental. A filosofia medieval tentou conciliar a religião com a filosofia, ou seja, a consciência cristã com a razão filosófica e científica. As principais características da filosofia medieval são: Inspiração na filosofia clássica (Greco-romana); União da fé cristã e da razão; Utilização dos conceitos da filosofia grega ao cristianismo; busca da verdade divina.

[12] Embora Nietzsche seja um crítico feroz de Sócrates, seu aforismo "sê tu mesmo" é praticamente a maiêutica socrática, ou seja, é o parto de ideias próprias, o parto de si mesmo, o parto de um novo ser que surge a partir das cinzas e detritos ocasionados pela violência do martelo. Para o filósofo o homem deve tornar-se senhor de si mesmo e não marionete de outro mais esperto, para isso é preciso destruir antigas convicções e desejar sempre saber ao invés de acomodar-se nas águas tranquilas do crer. Crepúsculo dos Ídolos, ou Como Filosofar com o Martelo (no original em alemão: Götzen-Dämmerung oder Wie man mit dem Hammer philosophirt) foi a penúltima obra do filósofo alemão Nietzsche, escrita e impressa em 1888, pouco antes de o filósofo perder a razão. 

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O próprio Nietzsche a caracterizou - numa das cartas acrescentadas em apêndice a esta edição - como um aperitivo, destinado a "abrir o apetite" dos leitores para a sua filosofia. Trata-se de uma síntese e introdução a toda a sua obra, e ao mesmo tempo uma "declaração de guerra". É com espírito guerreiro que ele se lança contra os "ídolos", as ilusões antigas e novas do Ocidente:  a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as ideias e tendências modernas e seus representantes.

[13] Emily Wilson em sua obra "A morte de Sócrates": “O julgamento de Sócrates e o seu resultado assinalam um problema com o qual as democracias até hoje têm que lidar, ou seja: o que fazer com os dissidentes.” Logo na introdução, a autora deixa claro que, em toda a sua obra, quer trabalhar com a concepção de um Sócrates multifacetado de um modo sem paralelo com qualquer outra personagem, isto porque ela não quer cair na tentação de taxar o filósofo como um precursor de uma série de grandes heróis que se rebelaram contra a opressão e restrição governamental, pois assim esqueceríamos que é possível não admirar Sócrates.

[14] Sócrates traz no bojo de sua dialética a prerrogativa de inteligibilidade racional para tudo! A força do pensamento socrático está na razão que procura estender seus tentáculos para todos os lados. Tudo pode e deve ser conhecido, apartado das paixões e analisado friamente.

O sábio seria aquele então que se afasta do pensamento por instinto e, atestando sua ignorância, procura o conhecimento racional. Acusando o instinto grego, Sócrates procura por medidas que, ao cabo, limitam, fecham e obstruem a vida.

[15] A modernidade é um período de tempo que se caracteriza pela realidade social, cultural e econômica vigente no mundo.  Ao tratarmos da era moderna, pré-moderna ou ainda a pós-moderna, fazemos referência à ordem política, à organização de nações, à forma econômica que essas adotaram e inúmeras outras características.

Entretanto, nessa trajetória que traçaremos aqui, o que nos importa é a trajetória do pensamento humano e o seu processo de construção.

Para tanto, partiremos das reflexões de Zygmunt Bauman e de Max Weber para traçar uma linha que nos guie pelas mudanças do pensamento humano e sua conexão com a realidade histórica das pessoas que fizeram parte desse processo.

A modernidade construiu-se em meio aos conflitos ideológicos da razão objetiva instrumental, utilizada como ferramenta de abordagem de questões do pensamento humano e de sua realidade. Assim, o pensamento tradicional, ligado ao pensamento teológico e religioso, foi progressivamente abandonado.

Max Weber referiu-se a esse fenômeno como o processo de “desencantamento do mundo”, no qual o sujeito moderno passou a despir-se de costumes e crenças baseados em tradições aprendidas que se apoiavam nos pilares fixos das religiões. Explicações e questionamentos baseados na utilização da razão instrumental quebraram noções preconcebidas e ancoradas no núcleo religioso. (In: Referência: BAUMAN, Zygmunt; Modernidade e ambivalência / tradução Marcus Penchel. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999).

[16] Os valores de morais, segundo Nietzsche, são criados, em um primeiro momento, pelos nobres, poderosos, superiores em posição e pensamento em oposto a tudo que se tem como baixo, vulgar plebeu, e sempre tendo como base seus próprios interesses. Devido aos nobres se considerarem os superiores e por causa da distância de posição e pensamento, “tomaram para si o direito de criar valores, cunhar nomes para os valores: que lhes importava a utilidade.”

[17] A agressividade é um tipo de comportamento normal que se manifesta nos primeiros anos de vida. Na infância, a agressividade é uma forma encontrada pelas crianças para chamar a atenção para si. É uma espécie de reação que adquire quando está à frente de algum acontecimento que faz com que se sintam frágeis e inseguras. Na fase adulta, a agressividade se manifesta ainda como reação a fatos que aparentemente induzem o indivíduo à disputa e ainda a sentimentos.

A agressividade é uma qualidade natural, humana ou animal, que tem a função de defesa diante dos perigos enfrentados e dos ataques recebidos. Agressividade e medo são emoções fundamentais na sustentação de processos decisórios. A agressividade é uma forma de nos protegermos, de dar limites, em família ou no trabalho. A ação está na agressividade, e a reação na violência.

[18] A classificação da agressividade humana. A saber, primeira: agressão hostil(hostilidade) que é emocional e geralmente impulsiva. 2ª: Agressividade instrumental é a que planejada e visa a um objeto que tem por fim conseguir algo independentemente do dano que possa causar. É geralmente não impulsiva. 3ª:agressão direta é aquela que se dirige à pessoa ou objeto que justifica a agressão.

Na agressão sexual o objeto almejado confunde-se com o motivo da agressão.  4ª:agressão deslocada ocorre quando o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem. Em animais igualmente se observa tal mecanismo de controle de impulsos agressivos. 5ª: autoagressão que é exemplificada em suicídio e automutilação; 6ª: agressão aberta; 7ª:agressão dissimulada; 8ª agressão inibida.

[19] “A Situação da Classe Trabalhadora" na Inglaterra é um dos livros mais conhecidos de Friedrich Engels. Originalmente escrito em alemão (Die Lage der Arbeitenden Klasse in England), é um estudo das condições de vida dos trabalhadores na Inglaterra vitoriana. 

O livro é considerado como um relato clássico da condição dos trabalhadores na indústria. Originalmente destinado ao público alemão, foi publicado pela primeira vez em 1845. A obra foi traduzida para o inglês, em 1885, pela reformista americana Florence Kelley (ou Florence Kelley Wischnewetzky).  Com a autorização de Engels, foi publicada em Nova York (1887) e em Londres (1891).

A edição inglesa ganhou um novo prefácio do autor, em 1892. O resultado foi um impressionante documento sobre a condição de penúria em que viviam os trabalhadores, nas áreas industriais da Inglaterra.  Engels registra, por exemplo, que a mortalidade por doenças, bem como a mortalidade entre os trabalhadores, era mais alta nas cidades industriais do que no campo.

Em cidades como Manchester e Liverpool, a mortalidade por varíola, sarampo, escarlatina e coqueluche era quatro vezes maior do que nas áreas rurais vizinhas, e a mortalidade por convulsões era dez vezes maior do que no campo.  Além disso, a taxa de mortalidade geral em Manchester e Liverpool era significativamente mais elevada do que a média nacional. Um exemplo interessante refere-se à evolução das taxas de mortalidade geral na cidade industrial de Carlisle. 

Antes da introdução dos moinhos (1779-1787), 4.408 em 10.000 crianças morriam nos primeiros cinco anos de vida.  Após a introdução dos moinhos, o número aumentou para 4.738. Da mesma forma, antes da introdução dos moinhos, 1.006 em cada 10.000 adultos morriam antes de completar 39 anos. Depois da introdução dos moinhos, a mortalidade passou para 1.261 em cada 10.000.

[20] Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana independente da Psicologia que tem origem na Medicina, desenvolvido por Sigmund Freud, médico que se formou em 1881, trabalhou no Hospital Geral de Viena e teve contato com o neurologista francês Jean Martin Charcot, que lhe mostrou o uso da hipnose. Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Freud, médico neurologista austríaco, propôs este método para a compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente, abrangendo três áreas: um método de investigação do psiquismo e seu funcionamento; um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano; um método de tratamento caracterizado pela aplicação da técnica da Associação Livre De acordo com Sigmund Freud, psicanálise é o nome de (1) um procedimento para a investigação de processos mentais que são  quase inacessíveis por qualquer outro modo, (2) um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, e (3) uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina  científica. [7] A essa definição elaborada pelo próprio Freud pode ser acrescentada um tratamento possível da psicose e perversão, considerando o desenvolvimento dessa técnica do pseudônimo.

[21] A livre associação foi um método utilizado por Freud, em substituição à hipnose, que consistia em deitar o paciente no divã e encorajá-lo a dizer o que viesse à sua mente, sendo também este convidado a relatar seus sonhos. Freud analisava todo o material que aparecesse, e buscava entendê-los e encontrar os desejos, temores, conflitos, pensamentos e lembranças que pudessem se encontrar, que estivessem além do conhecimento consciente do paciente.

A associação livre tem seus fundamentos teóricos, assim como toda uma técnica. Há formas específicas de aplicação e também objetivos.  É a técnica primordial da psicanálise utilizada em diversos contextos. Um deles é a aplicação de testes projetivos, como o teste de Rorschach e o teste de apercepção temática (TAT).

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Sobre a autora
Gisele Leite

Gisele Leite, professora universitária há quatro décadas. Mestre e Doutora em Direito. Mestre em Filosofia. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Possui 29 obras jurídicas publicadas. Articulista e colunista dos sites e das revistas jurídicas como Jurid, Portal Investidura, Lex Magister, Revista Síntese, Revista Jures, JusBrasil e Jus.com.br, Editora Plenum e Ucho.Info.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

LEITE, Gisele. Os mestres da suspeita. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 25, n. 6194, 16 jun. 2020. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/82928. Acesso em: 9 mai. 2024.

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