O Novo Professor de Direito

05/06/2016 às 22:18
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O novo professor de Direito consiste em uma rápida reflexão sobre as mudanças fundamentais percebidas na práxis do Docente Jurista.

O NOVO PROFESSOR DE DIREITO

Com a evolução doutrinária do Direito e a ruptura de antigos paradigmas da pedagogia, o método tradicional de ensino e aprendizagem pautado pela mera descrição de conteúdo, contida nos manuais, já não satisfaz as necessidades dos leitores e estudantes de Direito.

Os desafios do jurista-docente, hoje, não são mas os mesmos da década de 40, época em que os grandes baluartes do Direito Penal brasileiro, como Alcântara Machado, Nélson Hungria e Roberto Lyra criaram o atual Código Penal (Dec.-lei 2.848/1940).

 Não basta ser um grande jurista para ser um bom educador, ser especialista em uma área, por si só, não te faz professor. O Direito mudou, as instituições de ensino superior mudaram, os alunos mudaram, a cada dia surgem novas tecnologias e metodologias de ensino que não podem ser ignoradas para o eficaz processo de ensino.

Na época de edição do nosso Código Penal, o jurista professor era visto tão somente como alguém que dominava o assunto proposto, ou quando muito, era dotado de um pouco de carisma, que o ajudava no processo pedagógico. No entanto, houveram inúmeras quebras de tabus que se revelaram imprescindíveis para a eficaz transmissão do conhecimento.

A figura do professor de Direito visto como sumidade, já não é mas a mesma das origens Europeias, em que os alunos tinham que se levantar ao notar a presença do docente, não poderiam falar, mas tão somente ouvir o notório saber jurídico do mestre, como se estivessem lendo um livro.

O professor autoritário, que se distancia dos alunos na hora da exposição vem perdendo espaço para o professor diligente, que entende as dificuldades de cada aluno e não está preocupado em tão somente expor o conhecimento, mas, que este conhecimento seja compreendido e armazenado com solidez na mente do corpo discente.

Vê-se que a docência não é tarefa fácil, seja para o jurista, seja para o escritor, haja vista, que o professor tem que possuir inúmeras habilidades para lidar com as peculiaridades do dia a dia do magistério superior. Fazendo um breve paralelo com outras profissões, é possível afirmar que o professor precisa planejar e estruturar suas aulas assim como um arquiteto projeta com solidez a planta de uma casa, deve possuir o poder de argumentação de um bom advogado, para convencer o interlocutor sobre determinado assunto, entender como lidar com as peculiaridades de cada um, assim como um psicólogo, ter paciência e a habilidade de um terapeuta para promover o desenvolvimento e independência do seu aluno na vida acadêmica, seja no livro, ou na sala.

Com tantos atributos, o domínio do assunto sobre determinada disciplina, não deixa de ser importante, todavia, deve ser integrado a uma boa didática, vale dizer: aquele que conhece cinquenta por cento de um determinado assunto e consegue transmitir para seus alunos de maneira eficaz os cinquenta por cento, tem mais valor do que um professor que conhece cem por cento do conteúdo, mas só consegue transmitir vinte.

Assim, a figura do educador aproxima-se das evoluções percebidas na própria metodologia de ensino, tendo em vista que não mas se admite o professor de forma estanque, que não correlaciona seu conteúdo com outras áreas do conhecimento, atualmente, o professor precisa ser multifacetário, ou seja, ter vários atributos em um só profissional.

Como autoridade, o professor de Direito exerce um enorme poder de influência em seus alunos, é um verdadeiro formador de opiniões, e porque não afirmar que o Docente, por muitas vezes molda o caráter e até mesmo o destino de seus alunos.

Portanto, o sacerdócio do magistério superior não pode ser estigmatizado, tampouco estanque, tendo em vista os desafios que este profissional precisa superar para desenvolver um papel tão valioso na sociedade.

Em síntese, é preciso enxergar o estudante de Direito, mas principalmente o professor, sob um novo olhar, com isso, não pretendemos construir a figura de um pseudo superprofissional, mas reconhecer a importância do professor como ferramenta de transformação social, haja vista, que se a educação é o remédio para a cura das mais diversas infecções sociais, o professor é mão que leva até a boca do doente.

Sobre o autor
Rafael Araújo

Cristão;<br><br>Empresário;<br><br>Professor De Direito;<br><br>Especialista em Docência do Ensino Superior;<br><br>Especialista em Direito Penal;<br><br>Especialista em Direito Processual Penal;<br><br>Pós-Graduando em Direitos Humanos;<br><br>Mestrando em Direito;<br><br>Aprovado para o Doutorado em Direito Penal na Universidad de Buenos Aires

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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